Author: Georgina Mann

Finais do mês de Agosto. Os serviços meteorológicos informam que a zona sul de Moçambique será alvo de uma vaga de calor, e a temperatura atingirá cerca de 36 graus centígrados. Realmente, durante o dia, a temperatura é abrasadora, enquanto no final do dia o tempo é ameno, porque esta é a fase de transição do inverno para o verão.

Encontramo – nos no Centro de Recursos de Educação Inclusiva Eduardo Mondlane, local que acolhe crianças deficientes, providenciando – lhes oportunidade de aprendizagem e integração social. Chegado ao local, as crianças recebem – nos com curiosidade, em contacto com elas, descubro o meu analfabetismo relativo. É que as crianças falam connosco na língua de sinais, e nós não conseguimos interpretar o que elas dizem, mas mesmo assim, elas não nos largam e nem desistem de conversar connosco.

O Centro de Recursos de Educação Inclusiva, é o local onde decorre o refrescamento dos Agentes Polivalentes Elementares (APEs), em prevenção de doenças e promoção da saúde, e manejo integrado de casos na comunidade. Mafalda José Ngonhamo, é uma dos APEs que participa no refrescamento, ela reside no Distrito de Bilene, Localidade de Zacane, Bairro 3. Mafalda, 37 anos de idade, é mãe de 4 filhos, sendo duas meninas e dois rapazes, a mais velha com 15 anos. A Mafalda, está nos últimos dias de gravidez e na véspera do parto.

Mafalda conta que o coordenador distrital contactara para informar que ia decorrer um refrescamento dos APEs, entretanto, ela não iria participar dado que encontrava – se num estado avançado de gravidez. Porém, Mafalda diz que ela sentiu que devia esforçar- se para participar no refrescamento pois, como APE, ela jurara trabalhar para a sua comunidade.

Na sala de treino, Mafalda apresenta – se irrequieta. Com frequência, muda da posição de sentar, amarra o rosto, reforça o amarrar da capulana por debaixo do ventre, queixa – se de dores de coluna, inchaço nas pernas e sai com regularidade para buscar alguma frescura fora da sala e deita – se sobre a relva do pátio. Enquanto isso, a Sra. Amélia Manjate, Enfermeira de SMI, formadora dos APEs e os outros membros da equipe de facilitadores, estão em alerta para chamar uma ambulância caso necessário.

Mesmo assim, sempre que se ergue do mal-estar, Mafalda volta a sala do treino, ganha a disposição, quando há uma questão mantém a mão no ar, participa activamente no treino, está motivada e em pé de igualdade com os colegas APEs. Curioso sobre a força interna que motiva a Mafalda, chego perto dela e pergunto como é que ela se sente. Sem delongas Mafalda responde:

“Quando recebi informação sobre o refrescamento e que não ia participar senti – me muito triste.. Aí reuni as forças, ganhei coragem e comuniquei que estava disposta a participar porque gosto do trabalho que faço como APE, eu jurei ajudar a minha comunidade e não podia perder esta oportunidade de aprender.”

Ainda a conversar com ela, curiosamente, Mafalda, sorri e exibe um laminado sobre os sinais de perigo na mulher grávida, um novo material que os APEs receberam para usar na comunidade como suporte para a educação das mulheres grávidas sobre os cuidados que a devem ter e diz:

“Este material é muito útil para mim agora como grávida, mas também vou usar no meu trabalho para educar outras mulheres grávidas sobre os sinais de perigo e a importância de procurarem imediatamente a Unidade Sanitária mais próxima para cuidarem da sua saúde e a do seus bebés.”

Refrescamento de APEs em Manejo Correcto de Casos na Comunidade

No âmbito do Projecto de Prevenção e Controlo da Malária Financiado pelo Fundo Global, Ronda 9, a Malaria Consortium e parceiros da Sociedade Civil, nomeadamente: a Visão Mundial (Principal Recipiente), International Relief for Development (IRD), Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (FDC) Sub-Recipientes, realizaram nas províncias Inhambane, Sofala, Manica, Tete, Zambézia, Gaza e Maputo, o TOT dos formadores distritais dos APEs e o refrescamento dos APEs em prevenção de doenças, promoção da saúde, manejo correcto de casos na comunidade, Monitoria e Avaliação e Manuseamento correcto de medicamentos. Mafalda José Ngonhamo, é parte dos 785 APEs reciclados entre os meses de Julho e Agosto do ano de 2013.

Eder Ismail é um oficial do projecto, no programa de saúde comunitária da criança na província de Inhambane em Moçambique.. Malaria Consortium vem treinando e apoiando os Agentes Polivalentes Elementares (APE) de saúde na província de Inhambane desde 2009, com financiamento da Canadian International Development Agency e da Planet Wheeler Foundation desde 2009. O projecto visa trazer cuidados básicos de saúde para comunidades que vivem longe do centro de saúde e que não têm acesso a sistema de transporte adequado. Como parte do apoio da Malaria Consortium, os APEs receberam bicicletas para alcançar regularmente ao centro de saúde, reabastecer seu estoque de medicamentos essenciais e comunicar com o seu supervisor no centro de saúde.

Bernardo Dongo é um agente polivalente elementar de saúde, formado em 2011 pelo Ministério da Saúde com o apoio da Malaria Consortium. Desde que foi formado em manejo de casos na comunidade, ele tem trabalhando na comunidade para prestar serviços básicos de saúde, realizando palestras regulares para educar as famílias sobre a prevenção de doenças e boas práticas de saúde, fazendo o diagnóstico e tratamento de crianças menores de cinco anos que se apresentam com casos não complicados de malária, pneumonia e diarreia.
Todos os meses, o APE Bernardo de 52 anos, percorre 18 km na sua bicicleta, deixando para trás a sua casa a caminho do centro de saúde da sede, para fazer a entrega do relatório mensal de actividades e efectuar o levantamento do KIT de medicamentos para a sua comunidade de Vuca, zona litoral do distrito de Inhassoro.

Duas horas depois, o APE Bernardo chega ao centro de saúde, onde procede à entrega do relatório mensal à supervisora, de seguida, dirige-se à farmácia distrital para recolher o kit e a assinatura da guia de remessa. com o técnico de farmácia Horquidio Elito.

De regresso no final da tarde e com a maré baixa, o APE usa a via da marginal, encurtando a distância da viagem para 1 hora fazendo com que chegue mais cedo a comunidade para a abertura do KIT junto do líder e iniciar com as actividades de promoção de saúde e tratamento da população de Vuca Litoral. “A minha comunidade tem cerca de 700 pessoas e eu chego a fazer 160 consultas por mês”.

Pelo Eder Ismail, Oficial do projecto, Malaria Consortium, Inhambane – Moçambique.

Dieterio Magul é um oficial de campo da Malaria Consortium, no programa de saúde comunitária da criança na província de Inhambane em Moçambique. Ele trabalha com as autoridades provinciais de saúde para apoiar o programa de saúde da comunidade, que foi executado por mais de 30 anos. O Ministério da Saúde iniciou com revitalização do programa dos Agentes Polivalentes Elementares (APE) em 2010. O papel da Malaria Consortium foi de ajudar na capacitação dos agentes comunitários de saúde, chamados Agentes Polivalentes Elementares em Moçambique, para diagnosticar e tratar de forma simples as três principais doenças da infância: a malária, pneumonia e diarreia.

Teresa vive há 20 anos com o seu esposo e os seus sete filhos em Pangaia- numa aldeia da Ilha de Bazaruto, há poucos quilómetros da costa de Moçambique. Embora a ilha é conhecida como um belo destino de férias de praia por turistas, para os nativos, o acesso a serviços básicos de saúde continua sendo um desafio.

Em 2011, Teresa foi seleccionada pela sua comunidade para ser formada e se tornar Agente Polivalente Elementar (APE), trabalhando para a melhoria da saúde da comunidade.
Teresa, há dois anos que é Agente Polivalente Elementar, está trabalhando duro para aumentar a conscientização sobre doenças comuns em sua comunidade e fornecer informações sobre as melhores práticas que podem ajudar a melhorar a saúde da família.

Seu trabalho é um desafio. Em Bazaruto, muitas mulheres trabalham em suas casas pela manhã, antes de ir à praia para comprar peixe na saída dos barcos de pesca que, depois, revendem para sustentar suas famílias.

“As crianças sofrem com isso, porque as mães estão muito ocupadas e nem sempre podem levá-las… E não encontrem tempo para amamentá-las, então eu tenho organizado diálogos sobre este tema nos mesmos lugares onde as mulheres estão à espera dos pescadores. Eu explico-lhes que o leite materno é muito nutritivo, e muito importante para o crescimento saudável das crianças. Eu acho que as pessoas precisam saber mais sobre a importância do aleitamento materno, porque isso pode incentivá-las a programar o tempo para isso. ”

Mas os esforços de Teresa estão trazendo resultados e muitas mulheres da comunidade começaram a amamentar seus filhos com mais frequência e por mais tempo.

Teresa está feliz com o impacto do seu trabalho que está a ter sobre a saúde na comunidade e espera que, com o apoio da sua comunidade e outros para poder atingir mais membros da comunidade com a informação que pode salvar vidas e os medicamentos em seu papel como um agente comunitário de saúde.

O programa de Manejo Integral de Casos na Comunidade (MICC) da Malaria Consortium em Moçambique tem apoio da Canadian International Development Agency e da Planet Wheeler Foundation desde 2009. O papel da Malaria Consortium inclui recrutamento e formação de Agentes Polivalentes Elementares comunitários para diagnosticar e tratar a malária, pneumonia e diarreia adequadamente, o apoio ao sistema de saúde nacional e local na supervisão e monitoria das actividades baseadas na comunidade, bem como actividades de promoção da saúde para aumentar a conscientização da malária, pneumonia e diarreia, gestão e prevenção das doenças dentro das comunidades.

Além disso, através de um financiamento da Fundação Bill & Melinda Gates, Malaria Consortium está realizando uma pesquisa de formas inovadoras para melhorar a motivação e o desempenho dos APEs. Esta iniciativa de pesquisa, o projeto inSCALE, visa informar a expansão de programas MICC de agentes comunitários de saúde para fornecer acesso ao tratamento atempado e adequado para doenças comuns da infância em todo o mundo em desenvolvimento.