Mozambique’s unrecognised malaria heroes
Strengthening partnerships at the Institutionalising Community Health Conference
Communities embrace new health technology
José Petane e Rafael Timóteo Nhone são Agentes Polivalentes Elementares (APEs) da comunidade Cachane do distrito de Inhassoro, província de Inhambane, Moçambique. Eles fornecem serviços básicos de saúde para 1.200 pessoas da sua comunidade, no âmbito da saúde comunitária do Ministério da Saúde. Isso inclui o diagnóstico e tratamento da malária, manejo de casos simples de pneumonia e diarreia, acompanhamento de pacientes que procuram cuidados de saúde reprodutiva, HIV / AIDS e tuberculose e educar a comunidade sobre boas práticas de saúde.
Em agosto passado, José e Rafael receberam treinamento e começaram a usar o CommCare, um aplicativo de telefonia celular projetado para apoiar os profissionais de saúde comunitários e melhorar a qualidade de seus serviços. O sistema permite que os profissionais de saúde da comunidade estejam em contacto regular com seus supervisores e com gestores do programa.
O aplicativo CommCare não é inteiramente novo para a província de Inhambane. Foi desenvolvido e testado em alguns distritos no âmbito do projecto inSCALE da Malária Consortium (financiado pela Fundação Gates e UK), que mostrou resultados positivos na melhoria do desempenho e motivação dos trabalhadores comunitários de saúde.
A implantação do projeto não tem sido fácil, como explicaram José e Rafael. “Quando começamos a usar telefones nas nossas consultas, as pessoas não as aceitavam”, disse Rafael. “Muitas pessoas pensavam que estávamos fazendo isso apenas para coletar dados pessoais. Para superar esse desafio, pedimos apoio aos líderes comunitários e organizamos uma Reunião comunitária ou “diálogo comunitário” para explicar o propósito do telefone e responder as perguntas e preocupações. ”
“Depois das nossas reuniões, as pessoas perceberam o valor que os telefones celulares têm nos nossos serviços, mas isso levou as pessoas apenas a aceitarem serviços de saúde se tivéssemos um celular”, acrescentou José. “Isso causou problemas quando não conseguíamos usar telefone por causa de bateria fraca ou má recepção da carga, especialmente em dias chuvosos ou nublado, quando não podemos recarregar a bateria no painel solar. Muitas pessoas não entendiam por que não estávamos a usar o telefone e pensavam que não queríamos tratá-los ou seus filhos. Devido a isso, agora trabalhamos com o nosso livro de registo e telefone em todos os momentos. Para mostrar que, o que gravamos no telefone também vai para o livro e que podemos acessar informações independentemente da situação.”
Neste projecto intitulado upSCALE, a Malaria Consortium, em parceria com a Dimagi, o UNICEF, e o Ministério da Saúde e o financiamento do UK, está a formar todos os supervisores clínicos de APEs da província de Inhambane para utilizarem uma versão melhorada do sistema CommCare. Os profissionais de saúde da comunidade (APEs) também foram equipados com smartphones com ecrãs maiores e maior qualidade. O projeto está sendo apoiado pelos comités de saúde e líderes comunitários que coordenam diálogos comunitários e ajudam a resolver problemas quando surgirem. Este apoio e coordenação são cruciais para que os Agentes Polivalentes Elementares para que possam prestar serviços de saúde de alta qualidade às suas comunidades.
Por: Dietério Magul
World Malaria Day 2017: Mozambique’s Niassa province launches mass net distribution
Recognising community health workers this World Health Day and World Health Worker Week
Voices for better health: Mozambique
Em 3 de novembro de 2016, o Presidente da Republica de Moçambique, o Filipe Jacinto Nyusi, lançou a maior distribuição de redes mosquiteiras. No total, mais de 13 milhões de redes mosquiteiras tratadas com insecticida de longa duração (REMILD) serão distribuídas em todo o país – um importante passo para reduzir o peso da malária.
Muitos moçambicanos continuam a adoecer ou a morrer de malária. Em 2014, mais de cinco milhões de casos de malaria foram diagnosticados, levando a mais de 3000 mortes.
A Malaria Consortium tem apoiado a implementação desta distribuição de redes na província mais populosa do país, Nampula, localizada no norte do país, oferecendo REMILDs para proteger mais de cinco milhões de pessoas.
Falamos com algumas das pessoas envolvidas nessa primeira fase da distribuição para descobrir como o programa estava sendo recebido pelas comunidades locais.
Azélio Fulede Médico Chefe Distrital na Ilha de Moçambique
‘’A situação de saúde no nosso distrito já foi muito crítica devido ao mau entendimento das comunidades no uso das redes mosquiteiras. Os maiores desafios sempre foram o uso de redes na pesca e os tabus como que a rede provoca calor ou que ela se parece com caixão. No entanto, componente de mobilização social através dos Líderes comunitários, activistas, voluntários e a rádio comunitária foi muito crucial para a mudança de comportamento.
A situação que agora se verifica é diferente, pois há uma ligeira redução dos casos de malária e isto demostra que as pessoas para além de estarem cientes do uso da rede mosquiteira elas fazem o seu uso, pois nas visitas às comunidades verificámos famílias que estão a usar as redes nas suas camas ou na varanda onde quer que ela durma. Aquelas não sabem usar fazemos a demostração ou mesmo ajudamos a montar. Estas são as grandes mudanças positivas que verificamos.
As mensagens continuam a ser difundidas no seio das comunidades e esperamos que os casos continuem a reduzir, pois nosso objectivo é eliminar a doença. ’’
Emília Corela Técnica Administrativa na DPS de Nampula
Foi muito boa a experiencia que tive como uma das supervisoras provinciais nesta campanha.
Há uma mudança de comportamento por parte das comunidades, pois, á possível observar redes mosquiteiras expostas a sombra, penduradas nas varandas e nas ’quitantas’o que antes não era possível ver. Este resultado, tem sido possível atingir, graças a um conjunto de actividades que a DPS tem vindo a fazer como advocacia, mobilização, sensibilização, palestras nas escolas e trabalho em equipa com a Administração, DPS, DDS, líderes comunitários, activistas e voluntários.
Eu pessoalmente, durante essa campanha, Também ganhei mais experiencia, perdi a timidez, aprendi mais a interagir com as pessoas e conheci gente nova.
Naré Luis, como ponto focal de malária, Distrito de Eráti
Esta campanha de distribuição de redes mosquiteiras foi grande desafio para nós, pois foi primeira vez que abrangemos todo o distrito. Mas foi possível atingir uma meta de 95% de cobertura dando mais acessibilidade e mais mecanismos do uso correcto da rede.
A malária é um grande problema de saúde pública e existe no nosso distrito. Antes desta campanha, o índice de positividade era bastante alto, era normal em cada 100 pacientes testados encontrar 60 positivos de malária, mais do que metade, o que não deveria acontecer. Embora ainda sem uma avaliação profunda, é já possível notar que aos poucos os casos de malária vão reduzindo. Esta é uma das fases mais importantes do processo, pois para manter os casos a reduzir estamos, junto com os APEs, líderes comunitários, e a rádio comunitária, que também jogam um papel crucial na sensibilização, a sensibilizar as comunidades para que as redes sejam usadas com fins de protecção contra o mosquito que provoca a malária. Felizmente a comunidade está a acatar a informação porque nas visitas que realizamos, até ao momento não encontramos algo contrário ao uso o que nos deixa satisfeitos como instituição.
Francisco Eduardo APE da comunidade de Mucuegera, o distrito de Erati
80% das minhas actividades são dedicadas a actividades de promoção de saúde nas comunidades como sensibilização e palestras para a prevenção de doenças como a cólera, diarreias, malária e outras doenças que afectam a comunidade. Os 20% do meu tempo dedico-me as actividades de tratamento em casa e nas visitas domiciliares.
Esta campanha foi muito boa porque pela primeira vez abrangeu a nossa comunidade. A fase de registo dos agregados familiares foi mais desafiante porque este registo era posteriormente seguido duma palestra sobre o uso correcto da rede mosquiteira, mas conseguimos junto com os líderes comunitários e as pessoas agora estão cientes da importância das redes. Nas visitas que fazemos as comunidades sempre verificamos que as pessoas penduram nas ’quitantas’ e dormem dentro delas.
Outra mudança que se verifica, existindo o rio Lúrio aqui por perto, é que as pessoas já não usam a rede para a pesca como faziam antes, porque junto com voluntários e autoridades do bairro fazemos trabalho de fiscalização e não tem sido encontrado ninguém a pescar e isto é muito positivo.
Na época chuvosa do ano passado e dos anos anteriores era normal diagnosticar mais de 100 pacientes com malária só em um mês, mas diagnosticamos só 39 o que mostra uma grande redução dos casos de malária.
Marcelino João, Médico Chefe do distrito de Nacala Porto
Investir em rede mosquiteira é garantir vida longa!
O nosso distrito localiza-se na zona costeira do país e por isso existem alguns desafios que nos afligiam antes desta campanha de distribuição de redes mosquiteiras. Em nossas actividades de visitas às comunidades era notório verificar algumas vezes pessoas a usarem a rede para a pesca.
A Malária Consortium tem formado associações, estruturas comunitárias e APEs ao nível da comunidade que junto com a DDS fazem o trabalho de mobilização nas comunidades onde as sensibilizam na mudança de comportamento, como estender, pendurar, lavar e conservar a rede. Estas mensagens tem sido reforçadas não só com estes, mas também com os meios de comunicação como a rádio e a televisão e de forma intensiva durante esta campanha. Com efeito, até ao momento, temos registado neste período chuvoso, do ano em curso a diminuição de casos de malaria notificados.
Sentimo-nos mais satisfeitos com estes resultados, pois cremos que a vida irá melhorar no distrito.
Vamos continuar a trabalhar neste conjunto de actividades, com maior destaque para a realização de encontros permanentes com os líderes comunitários locais e divulgação de actividades desenvolvidas pelo sector de saúde.
Marcelino de Melo, Ponto focal para a área de Malária na Direcçao Provincial de Nampula
Nesta campanha de distribuição de redes mosquiteiras, foram grandes as melhorias organizacionais que se produziram ao nível financeiro, administrativo e principalmente técnico. Pela primeira vez conseguimos abranger todos os distritos da província o que antes nunca havia acontecido e como resultado desta acção conseguimos alcançar 98% em da meta prevista.
Contudo, neste momento, estamos reforçando a comunicação via rádio, televisão, cartazes e panfletos para que as pessoas possam mudar de forma completa o comportamento. A nossa esperança é que 100% da população use a rede. No momento estamos a trabalhar e esperamos atingir todo o distrito.
Essa actividade faz parte de uma iniciativa nacional liderada pelo Ministério da Saúde com apoio do Projecto de Prevenção e Controlo da Malária, um projecto financiado pelo Fundo Mundial de Luta contra a SIDA, Tuberculose e Malária e implementado pela World Vision como Parceiro principal, e com Malária Consortium, Food for the Hungry (FH) e Foundation for Community Development (FDC).
Top five moments of 2016
Uncovering Asian tropical medicine – JITMM 2016
Meet the recipients of Mozambique’s largest ever mosquito net distribution
Dorca Nhaca
Em 3 de novembro de 2016, o Ministério da Saúde, Moçambique, lançou a maior distribuição de redes mosquiteiras. No total, mais de 13 milhões de redes mosquiteiras tratadas com insecticida de longa duração (REMILD) serão distribuídas em todo o país – um importante passo para reduzir o peso da malária.
A Malaria Consortium tem apoiado a implementação desta distribuição em massa na província mais populosa do país, Nampula, localizada no norte do país, oferecendo REMILDs para proteger mais de cinco milhões de pessoas.
Como consultora para apoiar o projecto, viajei a província de Nampula monitorando e apoiando os esforços de distribuição. A importância deste projecto ficou clara durante as minhas visitas a vários distritos. Em todos os lugares que eu ia, as pessoas convergiam em massa para os pontos de distribuição e estavam ansiosas para que redes mosquiteiras protegessem suas famílias.
Eu consegui falar com alguns dos beneficiários do projeto e o que isso significa para suas famílias. Foi o que me disseram:
Gracinda Francisco, distrito de Monapo :
‘’Recebi duas redes mosquiteiras e estou muito contente porque a minha família estará protegida da picada do mosquito. O mosquito provoca a malaria que é uma doença que nos deixa bastante fracos.
Antes de receber estas redes, a situação estava muito complicada. Pois em casa só temos uma rede que vimos usando há dois anos atras e a mesma tinha que compartilhar também com o meu filho. As condições da rede não são adequadas visto que se encontra meio estragada e facilmente os mosquitos entram pelos furos que existem nela. Passamos muito mal porque o nosso distrito tem muito mosquitos e as pessoas ficam constantemente doentes. Esses mosquitos aparecem por causa do rio Monapo. Por vezes, devido a falta de agua temos ido para La lavar a roupa e somos picados pelos mosquitos lá. No mês de Outubro o meu filho ficou doente e teve que baixar e medicar. Fiquei preocupada porque ele ainda é muito pequeno. Ele está melhor e estas redes irão ajudar muito a combater a malária na minha família.
Calima Primeiro, distrito de Rapale:
Estou muito feliz por ter recebido estas redes. Vai melhorar muito o nosso cuidado com a malária aqui em casa. As pessoas daqui do bairro tem sofrido muito com a malaria. E nos aqui em casa também já sofremos com esta doença. As redes que tínhamos alguns meses atras, estragaram-se porque já eram antigas. Já estamos há muito tempo sem usar redes mosquiteiras.
Há algumas semanas, eu apanhei a malaria e ressenti-me muito porque estava muito fraca e não podia andar e nem ir trabalhar na machamba, pois estamos neste momento em época de campanha agrícola onde semeamos milho, amendoim e outras culturas.
As crianças que vivem comigo não podiam ir a machamba porque tinham de estar a cuidar de mim. Foram cerca de oito dias que tive de ficar em casa sem poder fazer nada. Isso para mim foi uma grande aprendizagem. Em pouco tempo eu e minha filha tivemos malaria isso significa que se não nos protegermos a minha neta poderá também apanhar ou ainda mais uma de nos voltar a adoecer.
Contudo, eu agradeço muito por ter recebido esta rede, o governo veio em boa altura para nos ajudar a combater esta doença. Sei que a malaria e uma doença perigosa e que mata pode nos matar. Além disso, se usarmos a rede mosquiteira podemos, além de evitarmos ficar doentes evitamos também gastar dinheiro para os comprimidos e usamos para outras coisas. Por isso eu e a minha casa usaremos as redes mosquiteiras para que não possamos apanhar picadas dos mosquitos.
Valentim Daniel António, cidade de Nampula.
“Comecei a usar a rede mosquiteira desde 2010 quando a minha esposa ficou com malária. Nessa altura ela estava gravida, além de não ter condições financeiras para comprar uma rede mosquiteira não via alguma importância em ter, pois, sabia que toda vez que alguém ficasse doente poderíamos ir ao hospital tratar. Mas dessa vez foi diferente. A minha esposa teve que baixar enquanto esteve gravida e isso deixou-me muito preocupado porque ela ficou muito fraca e teve de levar soro. Quando ela deixou o hospital, a enfermeira que cuidou dele perguntou-nos se tínhamos rede em casa e respondemos que não. Ela ofereceu a minha esposa uma rede e aconselhou-nos a usarmos sempre a rede pois a malária é uma doença que pode levar uma pessoa a morte. Quando cheguei em casa, começamos a usar a rede, porém os meus filhos não tinham. Quando chegou a época de comercialização de produtos agrícolas, uma parte dos produtos que vendi consegui comprar mais duas redes para os meus dois filhos e dois sobrinhos que ate agora vivem comigo. Neste momento que estou a falar, além das três redes que recebi tenho duas redes em casa pois um, com o tempo acabou se estragando.
Hoje, graças ao governo digo com muito orgulho que uso a rede mosquiteira para proteger a saúde da minha família contra a malária. Se esta rede se estragar ou passar prazo, irei comprar para substituir.
Estou satisfeito com o trabalho do governo por poder fazer parte dos que estão se beneficiando das redes mosquiteiras e por isso tenho estado a mobilizar os meus familiares, amigos e vizinhos a usarem a rede mosquiteira porque nos protege da picada do mosquito que provoca a malária – vale a pena.
Essa actividade faz parte de uma iniciativa nacional liderada pelo Ministério da Saúde com apoio do Projecto de Prevenção e Controlo da Malária, um projecto financiado pelo Fundo Mundial de Luta contra a SIDA, Tuberculose e Malária e implementado pela World Vision como Parceiro principal, e com Malária Consortium, Food for the Hungry (FH) e Foundation for Community Development (FDC).