Quem diria, mas o tempo passa rápido. Foi em Dezembro de 2005 que ingressei na Malaria Consortium, como Coordenador Adjunto da área de Comunicação para a Criação da demanda do Projecto de Desenvolvimento de Sistemas Sustentáveis para a Distribuição Gratuita de Redes Mosquiteiras Tratadas com Insecticida de Longa Duração (REMTILD), Financiado pelo Departamento Britânico para o Desenvolvimento Internacional (DFID).
Este projecto inovador, inicialmente implementado em Inhambane e posteriormente expandido para as províncias de Nampula e Cabo Delgado, assentava em 3 pilares, nomeadamente:
1) A distribuição gratuita de REMTILDs para mulheres grávidas na Consulta Pré – Natal (CPN);
2) Apoio ao sector comercial para o desenvolvimento de um mercado de redes mosquiteiras para que as mesmas estejam a preços acessíveis a todos grupos sócio – económicos e;
3) Comunicação para a criação da demanda e uso correcto de redes mosquiteiras.
A área de comunicação na qual trabalho até hoje, tinha a enorme responsabilidade de contribuir para a criação da demanda para o sector público e o sector privado. Lembro – me que na altura, as REMTILD ainda eram uma novidade em Moçambique, e todos tínhamos muito a aprender em
quase todas as áreas de implementação. Uma das realizações de realce foi o desenvolvimento da estratégia de comunicação para a promoção das REMTILD, a estratégia COMBI (Communication for Behavioral Impact) cujas ideias estão incorporadas na Estratégia Nacional de Comunicação e
Advocacia da Malária (2013 – 2017).
Foi a estratégia COMBI que deu origem ao popular programa interactivo de rádio “MozzzKito”. A par do MozzzKito, também desenvolvemos o “Chapéu de Rede Mosquiteira” material que foi produzido para trabalhar a temática da malária com as crianças do ensino primário. O “Chapéu” consistia num cartaz com 6 exercícios didácticos e interactivos sobre a prevenção da malária, dentre os quais, quebra cabeça, passatempo, malariamática (matemática
sobre a malária). Com apoio dos professores, as crianças resolviam os exercícios na sala de aulas, e após completarem a actividade, dobravam o cartaz e elaboravam um chapéu ficando
na parte frontal, a seguinte mensagem “Debaixo da Rede Durmo Protegido” simbolizando a participação das crianças na luta contra a malária.
Ao saírem da sala da escola, em grupos organizados, na rua, as crianças levavam o seu chapéu na cabeça criando agitação na comunidade com perguntas surgindo e sendo respondidas sobre o motivo do esforço. Em casa, as crianças liam a informação do cartaz em voz alta diante dos pais, e no fim, os pais assinavam o cartaz indicando que a leitura do cartaz foi feita. Finalmente a criança levava o “chapéu” de volta para a escola e entregava ao professor/a”.
Actualmente, a Malaria Consortium implementa dentre outras intervenções, o Projecto de Prevenção e Controlo da Malária do qual faço parte. O projecto envolve as actividades escolares, programas de radio, e envolvimento de estruturas comunitárias em actividades de comunicação para a mudança de comportamento para a prevenção da malária. As lições apreendidas e a experiência acumulada contribuem para melhor qualidade das actividades.