Mozambique: A field officer developing community capacity in malaria prevention
História coletada por Dorca Nhaca e editada por Fernando Bambo, Novembro 2017
Ilha de Moçambique é uma ilha idílica, para visitantes; foi no passado a capital de Moçambique, e agora é um patrimônio mundial. Mas para a população local, bem como para os visitantes, há uma ameaça que escurece a imagem: o risco de contrair a malária, uma doença potencialmente mortal, que continua a ser a principal causa de problemas de saúde em Moçambique.
Castélio Muwasse, é oficial de campo da Malaria Consortium, trabalha no Distrito da Ilha de Moçambique, ele tem 31 anos de idade, é técnico de medicina preventiva e saneamento do meio. Castélio integrou a equipa do Projecto de Prevenção e Controlo da Malária, no ano de 2016, motivado pelo interesse de trabalhar com as comunidades e apreender novas experiências.
Como oficial de campo, as responsabilidades do Castélio, incluíam apoio ao Serviço Distrital de Saúde na implementação das actividades do projecto, treino de estruturas comunitárias e professores sobre a prevenção da malária, recolha e compilação de dados de monitoria das actividades e facilitação de encontros de coordenação entre as unidades sanitárias e as estruturas comunitárias, e entre os serviços distritais de educação e saúde.
Para além de mobilizar as estruturas comunitárias para a prevenção da malária, ele coordenava o treino de professores com o técnico de saúde escolar dos Serviços Distritais de Educação.
“Com as escolas, trabalhei bem sem grandes constrangimentos. Conseguimos treinar os professores e estes reportavam o trabalho feito mensalmente. Houve boa colaboração dos professores e os directores das escolas apesar da demora na entrega dos relatórios por parte de alguns professores”.
Castélio está baseado no escritório dos Serviços Distrital de Saúde, mas passa muito tempo circulando de mota, trabalhando com as várias comunidades e unidades sanitárias espalhadas em todo o distrito, atá as mais remotas. Com esse conhecimento do terreno, ele é capaz desenhar um mapa detalhado do distrito em apenas alguns minutos.
Para trabalhar efectivamente com as estruturas comunitárias, é essencial construir uma relação de confiança. Castélio juntou-se a MC para substituir um oficial de campo que trabalhou com essas comunidades por alguns anos. Castélio teve que usar todas as suas habilidades de comunicação interpessoal para se unir aos voluntários.
‘’Ao longo do projecto tive bons momentos de trabalho. Um dos momentos foi quando fui aceite pelas comunidades e tive um bom acolhimento. Isto foi determinante para que elas pudessem receber as mensagens e fizessem o uso das mesmas”.
O Castélio diz que as actividades de comunicação para a mudança de comportamento realizadas pelas estruturas comunitárias, professores e alunos contribuíram para a redução dos casos de malária, em parte resultado da sua colaboração:
“Nota-se que há redução do número de casos de malária, redução do uso da rede mosquiteira para outros fins que não sejam para a prevenção da malária, melhoria das condições de saneamento do meio, aceitação do uso das redes mosquiteiras e melhoria no uso correcto das mesmas, consciencialização sobre a importância do uso da rede, o que antes não acontecia. As famílias levavam as redes para a pesca, cobertura das hortas entre outras formas não adequadas”.
Esta é certamente a parte mais gratificante do trabalho árduo de um Oficial de Campo no terreno. Este tipo de trabalho também oferece muitas oportunidades de aprendizagem para que jovens, como o Castelio, cresçam.
“Pessoalmente, com o projecto, aprendi muito, ganhei muitos conhecimentos e muita experiência. Aprendi a ser uma pessoa mais aberta no que diz respeito ao meu jeito de ser. Uma das lições que levo comigo é que trabalhar com comunidades não é tarefa fácil, mas a humildade, o amor, o carinho, a paciência trazem consigo muito sucesso e superação de certas dificuldades”.
O Projecto de Prevenção e Controlo da Malária é implementado em 9 províncias das 11 do país, tendo como parceiros, a Visão Mundial, Principal Recipiente, a Malaria Consortium, Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade e Food for The Hunger, Sub – Recipientes. A Malaria Consortium interveio em 17 distritos da província de Nampula e 6 da província do Niassa. Castélio Muwasse é um dos 23 oficiais de campo contractados pela Malaria Consortium para a implementação das actividades de comunicação para a mudança de comportamento ao nível das comunidades.
Mozambique: The behaviour changing power of radio
História coletada por Dorca Nhaca e editada por Fernando Bambo
Novembro 2017
Ismael Janato, é locutor e técnico da rádio comunitária de Ngauma, Província do Niassa, e Jonas Ali Mussa, administrador da rádio comunitária da Ilha de Moçambique. O distrito de Ngauma, está localizado no Centro Oeste da Província do Niassa, junto à fronteira com a República do Malawi, a sua população é estimada em 86,000 habitantes. A Ilha de Moçambique é uma cidade insular, situada na Província de Nampula com uma população de cerca de 53,000 habitantes.
Apesar da enorme distância que separa o Ismael e o Jonas, acima de 700Km, ambos tem a mesma missão: comunicar para a prevenção da malária através das suas rádios comunitárias. Ismael Janato, da rádio comunitária de Ngauma, fala da sua experiência com as actividades:
“A três anos que acompanho as actividades do projecto. Recebemos spots sobre a malária, transmissão, sinais e sintomas, uso de redes mosquiteiras e importância de procura de tratamento. Como locutor, a minha função era de traduzir os spots para a língua local, difundir as mensagens de 15 em 15 minutos, e também fazer debates públicos em directo nas comunidades”.
Muitas vezes, os sintomas da malária não são reconhecidos. O diagnóstico e o tratamento rápidos e adequados da malária são extremamente importantes para a redução da morbidade e mortalidade. Assegurar acesso da população a informações essenciais pode ampliar substancialmente a eficácia das intervenções existentes para a prevenção da malária.
A rádio é reconhecida como o “média africano”, por sua ampla acessibilidade e sua capacidade de transcender as barreiras de custo, barreiras geográficas e baixos níveis de alfabetização, apoiando os ouvintes enquanto negociam os desafios da vida quotidiana. O projeto Prevenção e Controlo da Malaria em Moçambique, implementado pela Malaria Consortium nas províncias de Nampula e Niassa, criou parcerias com redes de rádios comunitárias para desenvolver e transmitir mensagens e programas de qualidade em línguas locais, promovendo comportamentos essenciais de prevenção e tratamento de malária.
O Ismael relata que adquiriu mais conhecimentos sobre a malária através da sua participação na formação dada pelo Malaria Consortium, e assim desenvolveu a capacidade de debater questões com mais propriedade. Para além da emissão de spots, a rádio comunitária de Ngauma realiza programas interativos com o público através de chamadas telefónicas, apresentação de questões sobre a malária e resposta dos técnicos de saúde. O locutor reporta notar mudança de comportamento como resultado das intervenções comunitárias, em particular, a rádio.
“Com o trabalho que fazemos temos notado mudança de comportamento das pessoas em relação ao uso da rede mosquiteira, mais higiene nas casas, há mais pessoas que quando estão doentes vão a unidade sanitária e não aderem ao tratamento tradicional”.
Jonas Ali da rádio comunitária da Ilha de Moçambique, também reporta o uso correcto das redes mosquiteiras e redução de casos de malária nas comunidades.
“Com o trabalho que temos feito, conseguimos ver que há redução do uso da rede mosquiteira na pesca e responsabilização dos comités de pesca. As pessoas estão a usar a rede mosquiteira de forma correcta, os casos de malária estão também a reduzir e devido ao conhecimento das consequências da malária.
De facto, dados de monitoria e testemunhos indicam um aumento de conhecimentos sobre a malária e algumas mudanças de comportamentos nas áreas do projecto. Esses progressos provavelmente resultam de uma série de factores complexos e intervenções combinadas do Ministério da Saúde e seus parceiros. Os resultados do projecto de Prevenção e Controlo da Malária indicam que a expansão significativa de actividades intensivas de conscientização, educação e mobilização, combinadas com a distribuição massiva de REMILD, podem ter contribuído para este desenvolvimento positivo.
O uso de uma combinação de fontes confiáveis de informação – estruturas comunitárias, escolas e rádios – para disseminar mensagens harmonizadas a nível comunitário foi certamente chave.
Este documento de aprendizagem faz parte de um exercício de documentação do projeto; para ler mais e outras lições aprendidas, visita: http://www.malariaconsortium.org/projects/malaria-prevention-and-control-project
Leadership makes the difference in defeating malaria
História coletada por Dorca Nhaca e editada por Fernando Bambo
Nacala-Porto, na costa norte de Moçambique, é o porto natural mais profundo da costa leste da África. Ele serve de terminal para a ligação ferroviária ao Malavi sem litoral. Muitas mercadorias transitam por este distrito em seu caminho para o Malawi e outras partes da África Austral da região. A cidade também é conhecida por suas praias e mergulho. Esta pode ser a característica mais conhecida do distrito; O que é menos conhecido é que existe uma liderança forte no Serviço Distrital de Saúde, uma equipe excecional dedicada a derrotar a malária e salvar vidas.
Os Serviços Distritais de Saúde Mulher e Acção Social (SDSMAS) de Nacala – Porto foram entre os pioneiros na implantação, em 2011, do Projecto de Prevenção e Controlo da Malária que a Malaria Consortium apoiou em 17 distritos da Província de Nampula, até 2017.
O projecto teve como objectivo principal contribuir para a redução da malária, através de uma combinação de intervenções visando melhorar os conhecimentos da população sobre malária e promover a adopção de boas práticas em relação a prevenção e tratamento da malária a nível comunitário.
A implementação bem-sucedida deste projecto requeria coordenação entre o governo distrital e a Malaria Consortium, as unidades sanitárias e comunidades, escolas e também rádios comunitárias. A gestão da parceria sob a liderança dos SDSMAS de Nacala-Porto e a integração do Oficial de Campo do projecto na equipa distrital representou por excelência a abordagem de colaboração e coordenação pretendida entre as intuições do governo e os parceiros da sociedade civil:
A Janete Chau é directora distrital de saúde em Nacala Porto. E uma honra conversar e trabalhar com essa pessoa; ela é dócil e amigável, mas ao mesmo tempo exigente e rigorosa. É por essas qualidades que ela foi premiada pela Direção Provincial de Saúde de Nampula em Outubro de 2017 como melhor directora distrital da província; ela abraçou o projeto em tudo e consegue desenvolver uma abordagem de parcerias eficaz.
‘’Este Oficial de Campo da Malaria Consortium era mais controlado por nós mesmos, ele tinha que apresentar os seus planos de trabalho e nos envolver em todas as actividades que realizava e tínhamos os nossos encontros em que fazíamos balanços sobre a malária aqui no Distrito. (….) O meu principal papel era de fazer a monitoria e controlo das actividades, ver o que estava sendo feito ao nível do distrito, conhecer os locais onde estavam sendo feitas as actividades e o impacto que o projecto estava a causar”.
A equipa dos SDSMAS e a Malaria Consortium trabalharam juntos para conduzir o mapeamento das estruturas das estruturas comunitárias, selecção e treino das mesmas, e implementação de intervenções de comunicação para a mudança de comportamento a nível das comunidades. Segundo a Directora, as actividades de prevenção da malária realizadas pelos voluntários tem contribuído
para o aumento de conhecimentos sobre a malária, procura de cuidados e redução de óbitos no seu distrito:
“As pessoas ganharam conhecimento sobre a malária, já sabem descrever a malária e sabem que vem do mosquito e que este provém da acumulação das águas paradas que se multiplicam, já sabem se dirigir á unidade sanitária em caso apresentarem alguns destes sinais e sintomas e isto nos tem ajudado a diminuir os casos de óbitos por malária nas unidades sanitária”.
Esses esforços para promover boas práticas ao nível da população em relação a malária, foram também acompanhados com melhoria do diagnóstico e tratamento dos pacientes com malária ao nível das unidades sanitárias. A Directora explica:
“Como instituição ficamos mais consciencializados de que a malária é um problema sério e que devemos tomar atenção, deve ser discutida, os nossos clínicos estão mais conscientes de que não devem atribuir malária simplesmente pelos sinais e sintomas, mas é preciso ter o auxílio dos testes para a confirmação da malária”.
Estes esforços já estão começando a trazer resultados, mas precisam de ser mantidos para conseguir impacto a longo prazo. A equipa de Nacala Porto mantém-se engajada e motivada: “Todo profissional de saúde está psicologicamente preparado para continuar a fazer tudo o que o projecto vinha fazendo para que um dia a malária esteja fora de Moçambique”.
Este documento de aprendizagem faz parte de um exercício de documentação do projeto; para ler mais e outras lições aprendidas, visita: http://www.malariaconsortium.org/projects/malaria-prevention-and-control-project
Children who learn about malaria contribute to disease control in their communities
História recolhida por Dorca Nhaca e editada por Fernando Bambo
Fátima Mário, 12 anos, Dinala Muhamudo Aid, 18 anos, Cristina Muanhar, 18 anos, e Carlitos Gabriel Tolembeta, 16 anos são alunos de sétima classe da Escola Primária Completa (EPC) de Undi, Distrito de Chimbunila, Província de Niassa, a 30km da cidade capital, Lichinga. Na escola, para além de apreenderem a ler, escrever, contar, corte e costura para serem futuros empreendedores, os alunos beneficiam de actividades de educação sobre a prevenção da malária.
A Fatima explica: “Tudo quanto sabemos, aprendemos na escola com os nossos professores. Durante as palestras, procuramos ficar atentos á explicação da professora porque no fim nos faz perguntas e nós respondemos. Aprendemos muitas coisas boas. Aprendemos que devemos usar e cuidar bem da rede mosquiteira conservando-a bem, que não devemos lavar a rede mosquiteira no rio, não devemos acumular as águas no quintal, que devemos limpar a casa capinando a volta que quando apanhamos a malária devemos ir ao hospital”
Em Africa, a malária é responsável por até 50% de todas as mortes entre crianças em idade escolar. Assegurar que as crianças aprendam sobre práticas de prevenção da malária não só irá reduzir a malária, mas também contribuirá para o controlo da doença nas suas comunidades.
No âmbito do Projecto de Prevenção e Controlo da Malária, implementado em 9 das 11 províncias de Moçambique pelo consórcio da sociedade civil (2011 – 2017), uma das intervenções inovadoras foi de reforçar a educação sobre a malária para os alunos dentro da sala de aulas.
A EPC de Undi faz parte das escolas abrangidas pelas actividades de educação sobre a prevenção da malária implementadas pela Malaria Consortium no âmbito deste projecto, na província do Niassa.
Na EPC de Undi, três professores foram treinados em conceitos básicos da malária, transmissão, sinais e sintomas, métodos de prevenção e importância de procura precoce de cuidados. Na sala de aulas, os professores realizam sessões interactivas de educação com recurso ao álbum flexível que apresenta ilustrações, perguntas e mensagens chave sobre a prevenção da malária. A expectativa é de os alunos partilharem os conhecimentos adquiridos com as suas famílias, amigos e comunidade.
“Quando chegamos em casa, conversamos com os nossos pais, eles aceitam e fazem as coisas que lhes explicamos quando não sabem.’’(…) Todos gostam de usar a rede e na noite passada, todos dormiram debaixo porque eles sabem que a rede serve de protecção contra picada do mosquito e da malária”, conta o Carlitos.
A Helena Samuel, professora de ciências naturais da EPC de Undi reconhece a contribuição do projecto para o aumento de conhecimentos sobre a malária, redução de absentismos e desistência escolar:
“Foi muito bom fazer parte deste projecto, pois aprendi muito, ganhei mais conhecimentos sobre a malária, tirei muitos mitos que estavam na minha mente. Como professora de ciências naturais relaciono os conceitos e transmito as comunidades (….) O projecto também trouxe vantagens para a escola e para os alunos, agora temos um baixo índice de desistência dos alunos porque os alunos estão mais saudáveis”
Entre 2011 e 2017, a Malaria Consortium apoiou as direcções provinciais e distritais de educação de Nampula e Niassa no treino de 1,682 professores em cerca de 700 escolas nas províncias de Niassa e Nampula, atingindo cerca de 31,289 alunos trimestralmente com mensagens chave sobre a malária, métodos de prevenção e a importância de procura de cuidados.
Os dados de monitoria do projecto mostram que as actividades escolares de educação sobre a malária tem contribuído para o aumento dos conhecimentos, ambos dos professores e dos alunos, e melhor adesão as boas práticas para prevenção da malária nas suas casas e comunidades.
Este documento de aprendizagem faz parte de um exercício de documentação do projeto; para ler mais e outras lições aprendidas, visita: http://www.malariaconsortium.org/projects/malaria-prevention-and-control-project